Casa da música, PortoE o buraco que se tinha aberto nesse dia continuava a alargar-se diante dos meus olhos; um abismo sen fundo que me chamava para baixo e aonde, a chorar, eu me atirava.
Os acontecimentos que se seguiram colaram-se a mim, sem que o pudesse evitar. A minha descida aos infernos fez-se pelas escadas. E, possivelmente, sem qualquer bilhete. [...] Como se toda a gente estivesse continuamente a travar. A travar-se de dizer e de fazer as coisas que verdadeiramente lhe vao na alma.
[...] E foi assim, quase sem me dar conta, num entorpecimento de álcool e frio crescente, que me tornei sub-humano. E que esqueci, por muito tempo, o nome dos que me amaram.
P. Cahapa. Materna doçura.